O esforço de apanhar um peixe em águas turvas
Fotógrafo Emídio Luisi
captura a arte de Kazuo e Yoshito Ohno, no belo livro Kazuo e Yoshito Ohno.
Por César Alves
Talvez o Butô esteja para as artes cênicas como
a abstração para as plásticas. Impossível compreendê-lo através de olhares
simplistas e convencionais.
Nascido no Japão em meados da década de 1950, o
Butô privilegia o corpo como meio de expressão, numa forma de arte que
incorpora elementos do teatro, sem o uso das palavras, e da dança que privilegia
o silêncio. Se o Butô, como filosofia dos movimentos, tem no coreógrafo Tatsumi
Hijikata seu idealizador, é em Kazuo Ohno que encontra seu principal divulgador
e responsável por sua difusão ao redor do globo.
Intimo do público brasileiro desde sua visita
ao país em 1986, quando contava 80 anos de idade e fazia sua primeira temporada
por aqui, a convite do Sesc São Paulo, num encontro com representantes de nossa
classe artística, Ohno teria definido a complexidade do Butô como “um peixe em
água turva. Para enxergá-lo é preciso muito esforço”.
Movido por seu profundo amor pelo teatro e a
dança – em que se especializou a registrar desde meados dos anos 1970 –, o
fotógrafo Emídio Luisi não se deteve diante do desafio e, a partir daquela
temporada e de outras que a seguiram, não poupou esforços para registrar os
movimento de Kazuo e seu filho Yoshito Ohno, durante suas performances
brasileiras. O resultado ganhou corpo e agora volume com o lançamento de Kazuo e Yoshito Ohno, livro publicado
pelas Edições Sesc, reunindo suas
fotografias.
Promovendo um diálogo entre o butô e a
fotografia, Luisi conseguiu traduzir com maestria o sublime e o universal dos
movimentos de Kazuo e Yoshito Ohno, revelando uma cumplicidade poética entre as
duas artes, o Butô e a fotografia. O resultado é belo e impressionante.
Serviço:
Título: Kazuo e
Yoshito Ohno
Autor: Emídio Luisi
Edições Sesc
284 páginas
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