quarta-feira, 29 de junho de 2016

Kazuo e Yoshito Ohno - Edições Sesc



O esforço de apanhar um peixe em águas turvas


Fotógrafo Emídio Luisi captura a arte de Kazuo e Yoshito Ohno, no belo livro Kazuo e Yoshito Ohno.
Por César Alves


Talvez o Butô esteja para as artes cênicas como a abstração para as plásticas. Impossível compreendê-lo através de olhares simplistas e convencionais.
Nascido no Japão em meados da década de 1950, o Butô privilegia o corpo como meio de expressão, numa forma de arte que incorpora elementos do teatro, sem o uso das palavras, e da dança que privilegia o silêncio. Se o Butô, como filosofia dos movimentos, tem no coreógrafo Tatsumi Hijikata seu idealizador, é em Kazuo Ohno que encontra seu principal divulgador e responsável por sua difusão ao redor do globo.
Intimo do público brasileiro desde sua visita ao país em 1986, quando contava 80 anos de idade e fazia sua primeira temporada por aqui, a convite do Sesc São Paulo, num encontro com representantes de nossa classe artística, Ohno teria definido a complexidade do Butô como “um peixe em água turva. Para enxergá-lo é preciso muito esforço”.

Movido por seu profundo amor pelo teatro e a dança – em que se especializou a registrar desde meados dos anos 1970 –, o fotógrafo Emídio Luisi não se deteve diante do desafio e, a partir daquela temporada e de outras que a seguiram, não poupou esforços para registrar os movimento de Kazuo e seu filho Yoshito Ohno, durante suas performances brasileiras. O resultado ganhou corpo e agora volume com o lançamento de Kazuo e Yoshito Ohno, livro publicado pelas Edições Sesc, reunindo suas fotografias.

Promovendo um diálogo entre o butô e a fotografia, Luisi conseguiu traduzir com maestria o sublime e o universal dos movimentos de Kazuo e Yoshito Ohno, revelando uma cumplicidade poética entre as duas artes, o Butô e a fotografia. O resultado é belo e impressionante.


Serviço:
Título: Kazuo e Yoshito Ohno
Autor: Emídio Luisi
Edições Sesc
284 páginas



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