quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A Reunificação das Duas Coréias



O Amor, segundo Pommerat

Homenageado na última Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), quando apresentou os espetáculos Cendrillone e Ça ira, o autor e encenador francês Joel Pommerat costuma enxergar a dramaturgia como um corpo único, reunindo texto e encenação. Admirado por nomes como Peter Brook e Ariane Mnouchkine, entre outros, ficou conhecido dos brasileiros como o autor de Esta Criança, adaptada para nossos palcos por Marcio de Abreu em 2012.
 Depois de fazer temporada no Rio de Janeiro, A Reunificação das Duas Coréias oferece à cidade de São Paulo uma nova oportunidade de ter contato com sua obra.

Ao contrário do contexto político que o título sugere, o texto, que lhe valeu o Grand Prix de la Critique em 2013, oferece mesmo é um mergulho profundo nas turbulentas e confusas águas dos relacionamentos amorosos. Na verdade, a referência às duas Coréias vem da fala de uma das 47 personagens, protagonistas das 18 histórias que compõem a peça, montando um caleidoscópio das mais diversas relações afetivas no que elas trazem de cômico e trágico.
Dirigido por João Fonseca e produzido por Maria Siman, o elenco conta com os atores Leticia Isnard, Bianca Byington, Solange Badim, Marcelo Valle, Gustavo Machado, Verônica Debom e Reiner Tenente.


(A Reunificação das Duas Coréias – Texto: Joel Pommerat – Direção: João Fonseca - Teatro MorumbiShopping. Temporada: Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 18h.)

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Já está circulando a edição 26 da Cenário



Nova edição da Cenário traz Nathália Timberg na capa

Já está circulando a nova edição impressa da revista Cenário.
A capa traz a atriz Nathália Timberg, que conversou com nossa redação sobre sua carreira e a peça 33 Variações, que traduziu e estrela ao lado de Wolf Maya, também diretor da montagem.
A edição também traz entrevista com a fotógrafa Lenise Pinheiro, exposições como a 32a Bienal, artigo sobre O Sublime e o Trágico segundo Friedrich Schiller, lançamentos de livros, estréias teatrais, poemas inéditos de Clara Baccarin, Fernando Naporano e Mariana Basílio e muito mais.
A revista circula gratuitamente nos centros culturais, salas de espetáculos, saguões de hotéis, restaurantes e salas de embarque de aeroportos.

Para incluir seu estabelecimento entre os locais de distribuição, envie seus dados para:

A próxima edição sai em outubro. Sugestões de Pauta e material de divulgação devem ser enviados para:
César Alves – Redação Cenário

PARA ANUNCIAR:
Mario Eugenio
Cel. 11 99994-4897
Karlos Kamargo
Cel. 11 99320-3591
Tel.: 11 3459-1960

Para maiores informações, visite nosso site:




Do Sublime ao Trágico - Friedrich Schiller (Livro)



Friedrich Schiller – Do Sublime ao Trágico

Um dos destaques da 26ª edição da revista Cenário, lançamento da Autêntica joga luz sobre o pensamento teórico e estético de um dos maiores nomes do Romantismo alemão.
Por César Alves

Em meados do século dezoito, a beleza mostrou-se insuficiente para descrever o que faz da criação artística uma obra de arte. Mais do que os valores impressos na proporção e conveniência que convergem em delicadeza, pureza, clareza de cor, graça e elegância, a experiência estética também exigia o desafio aos sentidos, “(...) aquilo que produz a mais forte emoção que o espírito é capaz de sentir”, como descreve Edmund Burke em sua Pesquisa filosófica sobre a origem de nossas idéias do Sublime e do Belo, publicado em 1759. Assim, em reação ao Belo artístico, o conceito de Sublime ganha a atenção dos estudiosos e apreciadores das belas artes.
O Sublime, na definição de Burke, caracterizava-se por provocar em quem aprecia um quadro ou uma obra literária emoções antagônicas de admiração e terror. Tal conceito não era exatamente uma novidade, tendo em vista que já havia sido proposta, séculos antes, por Pseudo-Longino, autor de um tratado sobre o Sublime, escrito na era Alexandrina, que circulava entre intelectuais setecentistas. O autor britânico também não foi o único pensador da época a se debruçar sobre o tema e é na Crítica da faculdade de juízo (1790), de Emmanuel Kant, que as diferenças entre o Belo e Sublime são definidas com precisão.
Vem da leitura de Kant o interesse de Friedrich Schiller pelas manifestações do Sublime na arte, objeto de alguns de seus mais importantes escritos teóricos, publicados nas revistas Neue Thalia e Die Horen – em parceria com Goethe – e depois revistos nas suas obras completas. O artigo Do Sublime ao Trágico, publicado recentemente no Brasil pela editora Autêntica, está catalogado entre suas diversas e importantes contribuições para as pesquisas e estudos sobre estética.
Para o autor, assim como o é para Kant, a experiência Sublime remete à natureza e nossos instintos naturais. Ao contrário do Belo, cuja atração está ligada a um sentimento nato que nos leva ao deleite frente ao que parece agradável e organizado aos nossos olhos, o Sublime instiga nossa natureza física e racional. Diante do objeto Sublime, como seres físicos, dotados de corpos frágeis que podem ser feridos por uma avalanche ou tempestade, despertamos para nossa inferioridade frente à magnitude do mundo natural; e, como criaturas racionais, capazes de sobrepujar e alterar a natureza, experimentamos de uma liberdade que vai além dos limites.
Schiller também chama a atenção para a característica diversa do Sublime em suas representações artísticas. É possível experimentar o Sublime de forma passiva, como quando observamos o Viajante diante do mar de nuvens (1818), de Caspar David Friedrich; ou de forma direta, tomado pelas águas ameaçadoras que levam ao naufrágio a embarcação da cena pintada por William Turner em O Navio Negreiro (1840), exemplos deste que vos escreve.
Segundo ele, o distanciamento proporcionado pela reprodução em um quadro é o que faz da experiência Sublime nas artes superior a Natureza. Como no caso do segundo exemplo, quem aprecia a cena de Turner, uma vez distante do evento trágico, pode provar do horror do episódio e racionalizá-lo, o que seria impossível fazê-lo estivesse ele no lugar das vítimas ali representadas.
Ao contrário do Belo, a experiência do Sublime não seduz e sim provoca. Apela para nossos instintos de sobrevivência e autopreservação e, ao mesmo tempo, para nossa razão, o que torna o gosto pelo Sublime uma característica dos espíritos mais elevados.

Serviço:
Do Sublime ao Trágico
Autor: Friedrich Schiller
Tradução: Pedro Sussekind e Vladimir Vieira
Editora: Autêntica
128 páginas

(O artigo faz parte da edição de número 26 da revista Cenário, atualmente em circulação)