terça-feira, 28 de agosto de 2018

Historia do Teatro Sesc Anchieta é contada em livro




Historia do Teatro Sesc Anchieta é contada em livro

Comemorando 50 anos de sua inauguração, espaço que abriu suas portas para montagens que marcaram época tem sua trajetória narrada em obra organizada por Alexandre Mate.

Por Cesar Alves


O endereço da rua Doutor Vila Nova, 245, na Vila Buarque é bem conhecido pelos amantes de cultura e lazer que passeiam pelo centro de São Paulo. É lá que funciona a unidade Consolação do Sesc-SP. Mas, para os amantes do teatro e arte cênicas em geral, o endereço tem um gostinho especial: é também a sede do CPT – Centro de Pesquisa Teatral –, dirigido por Antunes Filho, e palco de uma das salas mais importantes de nosso teatro, o Teatro Anchieta.
Fundado em 1967, o teatro acaba de ser tema de um rico trabalho, organizado por Alexandre Mate, reunindo imagens antológicas de montagens históricas que passaram por seu palco, em um rico registro em livro que leva o nome Teatro Anchieta, Um ícone paulistano.
Fruto de um aprofundado trabalho de pesquisa, a obra conta com um rico material iconográfico, apresentando registros emocionantes de interpretações de textos, montagens e atuações históricas de nomes como Paulo Autran, Bibi Ferreira, Cleyde Yaconis, Raul Cortez, Fernanda Montenegro, Marilia Pera, Eva Wilma e muitos outros, numa constelação de estrelas que ajudam a narrar a própria historia do teatro brasileiro praticado nas ultimas décadas.

Além da riqueza de imagens e pesquisa histórica, o livro também conta com textos emocionantes escritos especialmente para a edição, contando reflexões preciosas sobre a importância do espaço, não só no sentido cultural, mas também como centro de reflexão do papel da arte como transformador político e social, assinados por nomes como Ivam Delmanto, Jacó Guinsbourg, João Roberto, Faria, Mariangela Alves de Lima, Maria Tereza Vargas, Newton Cunha,Sebastião Millaré, Sergio de Carvalho, Silvana Garcia e Silvia Fernandes.
Dividido em três parte, a cereja do bolo fica por conta dos depoimentos emocionados de gente que ajudou a compor esta historia, tais como Antunes Filho, Cleyde Yaconis, Gabriel Vilela, Giulia Gam, J. C. Serroni, Lee Taylor, Ligia Cortez, Sergio Mamberti, Marilia Pera e muitos outros.



Serviço:
Teatro Anchieta, um ícone paulistano
Org. : Alexandre Mate
Edições Sesc
368 paginas



  

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Navalha na Carne: Uma homenagem a Tônia Carrero




Navalha na Carne volta aos palcos

Nova montagem homenageia Tônia Carrero, trazendo Luisa Thiré no papel interpretado pela avó há 50 anos.


Em 1967 Tonia Carrero era tida como símbolo de glamour e beleza feminina, quando levou a diante o projeto de levar aos palcos o texto de Plinio Marcos, Navalha na Carne, um dos mais contundentes e provocadores de nossa dramaturgia.

Na época, a peça estava proibida de ser encenada pela censura do governo militar, mas, num ato de coragem, acompanhada Emiliano Queiroz e Nelson Xavier, sob a batuta de Fauzi Arap o espetáculo foi levado aos palcos e ajudou consolidar a carreira da atriz junto a critica, arrematando uma serie de prêmios e entrou para a historia de nosso teatro.

Agora, mais de cinqüenta ano depois, o texto volta aos palcos como uma homenagem a passagem recente de Tonia, trazendo no papel que um dia foi dela, sua neta, Luisa Thiré. O espetáculo estreou no ultimo dia 23 de agosto, data em que Tonia Carrero completaria 90 anos e também traz no elenco, Alex Nader e Ranieri Gonzalez, sob a direção de Gustavo Wabner.


Serviço
Navalha na Carne: Uma homenagem a Tônia Carrero
Sesc Bom Retiro
Alameda Nothman, 185 – Bom Retiro
Inf.: 3332-3600


domingo, 26 de agosto de 2018

Fernanda Montenegro: Itinerário fotobiográfico




Fernanda Montenegro: Itinerário fotobiográfico


Coroando uma carreira de mais de 60 anos, as edições Sesc lançou este mês o belíssimo Fernanda Montenegro: Itinerário fotobiográfico. Obra de fôlego que conta toda a trajetória da atriz, da infância a consagração como grande dama da dramaturgia brasileira, iniciando no radio, passando pelo teatro, televisão e cinema, onde ganhou projeção internacional como a Dora de Central do Brasil.

Contando com imagens selecionadas do arquivo pessoal – muitas delas inéditas – e registros de suas passagens pelos diversos segmentos dramatúrgicos pelos quais passou, a obra foi organizada pela própria atriz e fazem um apanhado geral de sua vida pessoal e profissional, incluindo cenas familiares ao lado de Fernando Torres, em seu casamento e também parceria profissional que durou 60 anos, ate a morte do ator em 2008.
Também revelam interpretaç
ões e montagens antológicas ao lado de nomes não menos memoráveis como Paulo Autran, Nathalia Timberg e Sergio Britto, entre outros. São instantâneos de apresentações e cenas de bastidores de peças que se tornaram clássicas como A moratória, Euridice, O beijo no asfalto e As lagrimas amargas de Petra Von Kant, entre muitas outras.
O livro também cobre sua passagem pela teledramaturgia, em interpretações que entraram para a memória afetiva dos brasileiros e a historia da televisão nacional em novelas como A muralha, Cara cara, Renascer, O auto da compadecida, Zaza, Celebridade, O outro lado do Paraiso e diversas outras, além de diversas mini series e especiais.
Cobre também sua passagem pelo cinema, do qual a atriz fez parte e ajudou na construção de uma nova cinematografia brasileira, a partir dos anos 50, em filmes como A falecida, Eles não usam Black tie e a consagração para o resto do mundo em Central do Brasil.


Serviço:

Fernanda Montenegro: Itinerário fotobiográfico
Fernanda Montenegro (organizadora)
Edições Sesc

500 paginas 

Brincando com Gertrude Stein





Brincando com tia Gertrude Stein


Edição brasileira de Para Fazer um Livro de Alfabetos e Aniversários revela uma faceta pouco conhecida da intelectual que batizou a Lost Generation, a de autora de textos direcionados ao público infantil.
Por César Alves

Zed era uma garotinha francesa que queria uma zebra como presente de aniversário. Para que o animal se sentisse confortável e o seguisse até em casa, seria preciso que o pai de Zed pintasse o mundo inteiro com listras. O conto está na letra “Z” do abecedário de brincadeiras e jogos concebido por Gertrude Stein em seu livro Para Fazer um Livro de Alfabetos e Aniversários que a editora Iluminuras disponibiliza nas livrarias brasileiras, com tradução de Dirce Waltrick do Amarante e Luci Collin.
Escrito em 1940, o livro seria a segunda investida da autora no universo infantil, seguindo o relativo sucesso de The World is Round (O Mundo é Redondo), publicado no ano anterior. Seus editores, no entanto, se recusaram a publicá-lo alegando que a obra não era exatamente apropriada para os pequenos. Stein não se deu por vencida e, após oferecê-lo a diversas editoras, chegou a engatar o projeto em 1942. Problemas com os ilustradores e, principalmente, as dificuldades com material e pessoal enfrentadas pelo mercado editorial durante a II Guerra fizeram com que a obra não chegasse a ser publicada, o que só aconteceu postumamente quinze anos depois pela Yale University Press.
Trata-se de um alfabeto – cada letra ligada às iniciais dos nomes das personagens ou relacionada com as datas de seus aniversários – permeado por contos que fogem do formato tradicional de “começo, meio e fim”, privilegiando o que a autora chamava de “presente contínuo”. Se as histórias, poemas e anedotas aqui reunidas muitas vezes beiram o delicioso nonsense, a autora não se acanha em tocar em temas delicados como a morte e a guerra, por exemplo.
Nome de peso entre os artistas, escritores, poetas e intelectuais norte-americanos que se mudaram para Paris no período entre guerras e batizados por ela como a “Geração Perdida” – que contava com nomes como Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, entre outros –, Stein teve participação efetiva na efervescência modernista parisiense, travando uma estreita relação com Picasso e Apollinaire, por exemplo, e acompanhando de perto a construção de movimentos de vanguarda como o Cubismo. Vem daí sua vocação para os experimentos de linguagem que fizeram de sua obra uma das mais relevantes do período e que aqui são explorados, a partir de colagens sonoras, de maneira a tornar a experiência da leitura num convite ao jogo e brincadeiras de desconstrução da linguagem.
Já foi dito que a leitura da obra de Gertrude Stein representa um verdadeiro desafio lingüístico. Aqui, o desafio também ganha ares de aventura e merece ser aceito por crianças e adultos.
Em tempo. Antes tarde do que nunca, a obra de Gertrude Stein vem ganhando as livrarias brasileiras. Recentemente, a mesma Iluminuras que está lançando a obra tema deste texto também publicou O que você está olhando – Teatro (1913-1920), reunindo 18 peças de sua autoria. A extinta Cosac & Naify publicou há alguns anos sua tradução de Autobiografia de Alice B. Toklas e, mais recentemente, a editora Âyné publicou Picasso. Esperemos que mais coisas venham por ai...

Serviço:
Título: Para Fazer um Livro de Alfabetos e Aniversários
Autor: Gertrude Stein
Tradução: Dirce Waltrick do Amarante e Luci Collin
Editora: Iluminuras
144 páginas