sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ivald Granato – Caixa Cultural – Brasília



Brasília recebe mostra de Ivald Granato na Caixa Cultural

Pioneiro das artes performáticas no mundo, exposição oferece um resumo de seus 50 anos de carreira.
Por César Alves

Dotado do espírito contestador das vanguardas artísticas e do ímpeto provocativo da arte experimental que rompia com as convenções nos anos 60 e 70, Ivald Granato está ao lado de nomes como Hélio Oiticica e Lýgia Pape na história da arte brasileira. Considerado pioneiro na arte performática mundial, Granato é tema da exposição Registro, Arte, Performance, em cartaz no espaço Caixa Cultural de Brasília.
A mostra, que já passou por São Paulo, faz um resumo dos 50 anos de carreira do artista, reunindo pastas-objeto, fotos originais, cartazes, roupas e acessórios usados em performances, ampliações fotográficas, livros, textos, estudos e vídeos.
O artista ganhou notoriedade internacional com suas apresentações e intervenções inesperadas realizadas em espaços públicos, que uniam pintura, musica e teatro, tendo sempre o vídeo e na fotografia como instrumento de registro. Performances como O urubu eletrônico, realizada no Theatro Municipal de São Paulo em 1976, e Mitos vadios, de 1978, se tornaram históricas.

Reunindo 130 obras de Granato, o s trabalhos mostram uma mistura de diferentes modalidades de arte – dança, música, pintura, teatro, escultura e literatura – como um desafio às classificações habituais, colocando em questão a definição de arte.


Serviço:
Ivald Granato – Registro, Arte, Performance
Local: Caixa Cultural – Brasília
Endereço: SBS – Quadra 4 – Lotes 3/4 – Brasília – DF
Até 4 de setembro.
Entrada Gratuita.





Mondrian e o Movimento De Stijl – CCBB – Belo Horizonte - MG



Mondrian e o Movimento De Stijl chega a Belo Horizonte

Depois de passar por São Paulo e Brasília é a vez de Belo Horizonte receber a exposição Mondrian e o Movimento De Stijl.
Por César Alves

Desde já entre as melhores e mais importantes mostras no calendário das artes visuais de 2016, a exposição não só celebra a obra de um dos mais importantes artistas do século XX, o holandês Piet Mondrian (1872-1944), como também um momento histórico em que artistas ousaram o sonho utópico de um novo mundo, guiados pela simplicidade plástica das formas e cores primárias, em resposta aos horrores da Primeira Guerra Mundial e a sociedade mecanizada.
Oportunidade rara de ver de perto alguns dos quadros emblemáticos de Mondrian que revolucionaram a arte moderna, fundando as bases do neoplasticismo, mas também de acompanhar a evolução criativa e estética que passa começa na figuração, flerta com o cubismo, até abandonar definitivamente toda e qualquer representação plástica realista da natureza e aderir às formas básicas das linhas, espaços e cores primárias (vermelho, azul e amarelo) e não cores (preto, branco e cinza) de uma nova abstração. A mostra reúne 30 trabalhos de Mondrian que passam por todas as fases do pintor.
Mas Mondrian não é estrela solitária a brilhar na exposição do CCBB.

Mondrian e o Movimento De Stjil também apresenta pinturas, desenhos de arquitetura, maquetes, mobiliário, documentários, publicações de época e fotografias de artistas do movimento da vanguarda moderna holandesa.
Conhecido como De Stijl (O Estilo), o movimento começou como uma revista em 1917, tendo Mondrian entre seus idealizadores, num núcleo que reunia pintores, designers e arquitetos. Esses artistas elaboravam um tipo de “arte total”, usando cores primárias para criar obras sem restrições, claras e limpas, como eles imaginavam o futuro, conforme atestam os cartazes, projetos arquitetônicos e mobiliários que também fazem parte da mostra.





Serviço:

Mondrian e o Movimento De Stjil
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Belo Horizonte
Endereço: Praça da Liberdade, 450, Funcionários
Telefone: (31) 3431-9400.
De quarta a segunda-feira, das 9h às 21h.
Até 26 de setembro.






quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Constantin Stanalislávski e a Construção do Método



A Construção do Método

Novos livros desvendam o mito Constantin Stanislavski e reafirmam sua importância no desenvolvimento do teatro moderno.
Por César Alves


Sobre Stanislavski e seu sistema, já foi dito que, no Brasil, são mais comentados do que realmente estudados e postos em prática. A razão disso, dizem os que defendem tal tese, seria o escasso material em português de sua autoria disponível nas livrarias brasileiras.
Fato ou não, se a tradução dos escritos teóricos produzidos por Constantin Stanislavski sobre seu método, disponíveis nas livrarias brasileiras, ainda deixe a desejar, não faltam por aqui obras que destrincham sua construção e importância para a evolução das artes cênicas.
Prova disso são dois lançamentos recentes em nossas prateleiras: Stanislavski em Processo: Um mês no campo (Editora Perspectiva) e Stanislavski Ensaia – Memórias (É Realizações).
Quem assina o primeiro é a atriz, diretora teatral e pesquisadora do Sistema Stanislávski, Simone Shuba. Em Stanislásvi em Processo, Shuba acompanha passo a passo a concepção da montagem de Um Mês no Campo, peça de Ivan Turguêniev, escolhida pelo encenador russo para apresentar, pela primeira vez, seu sistema.
A escolha pelo texto de Turguêniev não foi aleatória. Além do profundo estudo psicológico perpetrado pelo autor para sua concepção e os elementos sociais ali retratados, a ação se concentra no interior de seus personagens, o que fazia com que a maneira de melhor representar tais sentimentos e conflitos se tornasse um verdadeiro desafio. Ao estrear, em 9 de dezembro de 1909, a peça se tornou um marco definitivo das realizações cênicas e entrou para a história do teatro moderno.
Stanislávski em Processo: Um Mês no Campo – Turguêniev também promove um mapeamento de autores e artistas que cruzaram e deixaram marcas no trabalho stanislavskiano, tendo como protagonistas nomes como Tchékhov, Meierhold, Duncan e Gordon Craig.
Já, Stanislávski Ensaia – Memórias, de Vassili Toporkov, enquadra-se como relato contundente sobre o processo de treinamento no Método das Ações Físicas sob a administração de seu próprio criador. Toporkov é um caso raro de ator convidado a fazer parte do histórico Teatro de Artes de Moscou, companhia fundada por Constantin Stanislavski e Vladimir Niemiróvitch-Dântchenco, em 1897. Apesar de ser um ator profissional reconhecido na época, Toporkov precisou ser retreinado pelo grande encenador russo.
O que temos aqui é um testemunho de dentro do processo de desconstrução do ator que ele fora para a construção do ator que passaria a ser, a partir daquele encontro. Durante dez anos – de 1928 a 1938 –, o ator participou intimamente dos últimos anos de Stanislásvski como diretor e nos revela, através de suas memórias, um retrato multifacetado do gênio criador, que inspirava seus alunos tanto quanto os levava ao desespero. Verdadeira testemunha ocular da história, Toporkov revela aqui um mestre em guerra constante contra os clichês e maneirismos e em busca perfeição na arte de atuar.

Serviço:
Livros:
Stanislávski em Processo: Um Mês no Campo – Turguêniev
Autor: Simone Shuba
Editora: Perspectiva
136 páginas

Stanislávski Ensaia – Memórias
Autor: Vassili Toporkov
Tradução e introdução: Diogo Moschkovich
Editora: É Realizações
256 páginas