quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Inutilezas - Sesc Pinheiros



Inutilezas leva a poesia de Manoel de Barros ao palco

Espetáculo contou com a benção do poeta e traz Bianca Ramoneda e Gabriel Braga Nunes.
Por César Alves


“Não estou acreditando no que vi! Um teatro verdadeiro. Não é declaração de versos. É uma representação da palavra. Com os personagens vivos e as sua contradições”, escreveu o poeta Manoel de Barros a respeito de Inutilezas, ao assistira a uma primeira versão do espetáculo que transporta sua poesia para o teatro, realizada há mais de uma década.
O poeta, morto aos 97 anos em 2014, deu carta branca e acompanhou o processo de desenvolvimento da peça, desde o início, quando foi proposto a ele pela jornalista e atriz, Bianca Ramoneda.
Representação poética que se desenvolve entre o drama e o cômico, Inutilezas é dirigido por Moacir Chaves, que se tornou célebre por transportar textos não dramáticos para o teatro. Além de Ramoneda, no palco estão um músico e o ator Gabriel Braga Nunes, interpretando, não apenas declamando, textos antológicos de Manoel de Barros como Uma didática da invenção.
O espetáculo faz curta temporada no Sesc Pinheiros.

Serviço:
Inutilezas
Direção: Moacir Chaves
Adaptação: Bianca Ramoneda
Local: Auditório do Sesc Pinheiros

Rua Paes Leme, 195 – tel. 3095-9400

Anri Sala: O momento presenta - IMS Rio de Janeiro



Anri Sala: o momento presente – Instituto Moreira Salles

Primeira grande exposição individual do albanês Anri Sala, um dos principais nomes arte contemporânea, é aberta no Rio.

Esta é a primeira apresentação ampla no Brasil do artista albanês Anri Sala (Tirana, 1974), um dos nomes mais importantes no cenário contemporâneo internacional. Trata-se de um projeto que compreende duas exposições no Instituto Moreira Salles. A primeira delas ocupa a sede do IMS do Rio de Janeiro.
As duas mostras – com listas de obras distintas, pois foram elaboradas em diálogo com as características de cada espaço – explicitam a dimensão política e ao mesmo tempo sensível da obra de Anri Sala por meio de instalações, vídeos, fotografias e objetos.
Acompanha a mostra um catálogo com textos inéditos de Heloisa Espada, Moacir dos Anjos e Natalie Bell, além da tradução de um artigo de Jacques Rancière. A publicação será lançada durante a abertura da exposição e estará à venda nos centros culturais do IMS.
A segunda exposição ocorrerá na nova sede do IMS na Avenida Paulista, no segundo semestre de 2017.

Serviço:
Anri Sala: o momento presente
Curadoria: Heloisa Espada
Evento gratuito com retirada de senhas 30 minutos antes.
Visitação: de 11 de setembro a 20 de novembro
Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea

Tel.: (21) 3284-7400

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Campos de Sangue - Karen Armstrong



A Religião e a Guerra

Em Campos de Sangue, a ex-freira e especialista em civilizações e religiões antigas, Karen Armstrong traça um histórico da fé e da violência durante o processo civilizatório.
Por César Alves

Um grupo, supostamente inspirado pelas palavras de um livro sagrado, promove um atentado que deixa milhares de mortos em solo estrangeiro, habitado por aqueles que ele denomina “infiéis” e contra quem decretou uma jihad. Em resposta o líder da nação atacada, inspirado por outro livro sagrado, convoca os seus para uma investida de vingança que ele denomina cruzada.
O enredo vem se repetindo num looping através da história das civilizações e o atual cenário geopolítico mostra que tão logo não verá um fim, o que faz com que muitos vejam nas religiões o bode expiatório ou principal causa da violência através dos tempos. Mas até que ponto é correto culpar a religião pelas guerras e genocídios que temos assistido através da história?
Tentando responder ou esclarecer questões relacionadas a esta pergunta, Karen Armstrong debruçou-se sobre o tema e embarcou numa pesquisa aprofundada que deu origem ao livro Campos de Sangue, publicado recentemente no Brasil em tradução da Cia das Letras.
O resultado é um estudo esclarecedor, despido dos tradicionais preconceitos que costumam obscurecer o debate, que investiga as grandes tradições religiosas – da Mesopotâmia às civilizações modernas – em busca de respostas, e nos conduz a uma viagem pela história das maiores religiões do mundo.

Serviço:

Campos de Sangue
Autor: Karen Armstrong
Tradução: Rogério W. Galindo
Editora: Cia das Letras

560 páginas

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Aos 54 anos, morre Domingos Montagner




Aos 54 anos, morre Domingos Montagner

O ator, um dos fundadores do Grupo Lá Mínima e que vivia momento de ascensão na televisão, possuía longa trajetória ligada ao circo e ao teatro.

Arrastado pela águas do Rio São Francisco, onde nadava, durante um dos intervalos das filmagens da novela Velho Chico, morre ontem o ator Domingos Montagner, ao 54 anos.
 Apesar do sucesso tardio na TV, Montagner teve carreira longa como ator de teatro, palhaço e artista circense.  Começou no curso de interpretação de Myriam Muniz e no Circo Escola Picadeiro. Em 1997, formou, juntamente com Fernando Sampaio, em São Paulo, o Grupo La Mínima, que possui 12 espetáculos em seu repertório, incluindo, A Noite dos Palhaços Mudos, que lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator em 2008. Na peça, escrita por Laerte, três palhaços são perseguidos por uma seita que tenta exterminá-los. Paralalemente à atuação no teatro, ele criou em 2003 o Circo Zanni, do qual foi diretor artístico.
Na televisão, Montagner estreou no seriado Mothern, do canal por assinatura GNT, em 2006. As primeiras participações na Rede Globo aconteceram quatro anos depois, nos seriados Força Tarefa, A Cura e Divã. E sua revelação como ator de novelas se dá em Cordel Encantado, de 2011, pela qual recebeu os prêmios Contigo e Melhores do Ano na categoria Ator Revelação. Outro papel de destaque na carreira de Domingos foi o do presidente Paulo Ventura, protagonista da minissérie Brado Retumbante, de 2012. Ainda atuou na novela Salve Jorge, de Glória Perez, e participou de Gonzaga - de Pai Pra Filho, seu primeiro longa-metragem.
O ator deixa a mulher, Luciana, e três filhos.


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Nathália Timberg estréia 33 Variações no Teatro Nair Bello do Shopping Frei Caneca




Nathália Timberg estréia 33 Variações no Teatro Nair Bello do Shopping Frei Caneca

Capa da edição impressa da revista Cenário, a atriz é dirigida contracena com Wolf Maya no musical que chega a São Paulo, após o sucesso de sua temporada no Rio.
Por César Alves

Impossível não notar o entusiasmo e a alegria da veterana atriz, Nathália Timberg ao falar, durante entrevista à revista Cenário, da homenagem prestada a ela por seu colega, Wolf Maya, ao inaugurar a sala que leva seu nome no Rio de Janeiro. O Teatro Nathália Timberg abriu suas portas com o espetáculo 33 Variações, texto do venezuelano Moisés Kaufman, traduzido pela própria atriz e dirigido por Maya, que estréia hoje na capital paulista.
O musical celebra uma parceria teatral de quase trinta anos, iniciada com Meu querido mentiroso (1988) e estabelecida com Paixão (1995), e também marca a volta de Wolf Maya – que também atua na peça – aos palcos de São Paulo depois de 25 anos.
A trama gira em torno da decisão do compositor Ludwig Van Beethoven de se debruçar, entre os anos de 1819 e 1823, sobre a valsa do austríaco Anton Diabelli, que daria origem às 33 Variações em sol maior, opus 120, hoje considerada síntese de sua obra e uma das mais notáveis peças para piano da música ocidental.
São duas histórias paralelas, passadas em períodos diferentes, protagonizadas por uma pesquisadora, interpretada por Timberg, na Nova York do século XX, e pelo próprio Beethoven, encarnado por Wolf Maya, na Áustria do século XIX. Ambos estão ligados, não só pelas 33 Variações, alvo da pesquisa da primeira e obra em progresso do segundo, mas também por doenças que ameaçam seus trabalhos, a pesquisadora luta contra esclerose, assim como o compositor enfrenta a surdez em progressão.
33 Variações estreou em Nova York em 2009, recebeu cinco indicações ao Tony, trazendo, no papel que agora é interpretado por Nathália Timberg, Jane Fonda.
O elenco também conta com Tadeu Aguiar, Lu Grimaldi, Flávia Pucci, Gil Coelho e Gustavo Engracia, além de oito estudantes de arte dramática oriundos da escola dirigida por Wolf Maya. Outra grata surpresa é a luxuosa interpretação das 33 Variações, realizada pela pianista Clara Sverner, convidade de Nathália Timberg, durante a execução da peça.
A entrevista com Nathália Timberg e Wolf Maya estará nas páginas da edição impressa da revista Cenário que começa a circular na segunda quinzena deste mês.

Serviço:
33 Variações
Texto: Moisés Kaufman
Tradução: Nathália Timberg
Direção: Wolf Maya
Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, 569 – Consolação
Telefone: 11 3472-2414



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Meu Saba - Teatro Morumbi Shopping




Vencedor do Prêmio Cesgranrio de Teatro, Meu Sabá encerra temporada em São Paulo

O aperto de mãos entre o então Primeiro Ministro israelense, Yitzhak Rabin, e o líder da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, endossado pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton, em 1993, entrou para a história como uma das imagens mais marcantes da última década do século vinte. O evento parecia acender uma fagulha de esperança para que as agressões entre Israel e Palestina, finalmente, chegassem ao fim.

O episódio terminou de forma trágica, com o assassinato de Rabin por um fundamentalista israelense que se opunha às suas idéias, em 1995.
Baseada no livro Em Nome da Dor e da Esperança, da jovem israelense Noa Ben-Artzi Pelossof, neta de Yitzhak Rabin, a atriz Clarissa Kahane criou o monólogo Meu Saba (meu avô), em parceria com Daniel Herz (diretor da peça), que encerra temporada no Teatro MorumbiShopping este fim de semana.
A montagem tem também consultoria dramatúrgica de Evelyn Disitzer. Depois de ser ovacionado em sessão única no Festival de Curitiba e fazer temporada de sucesso de público e crítica no EMC Sérgio Porto no Rio de Janeiro, o espetáculo, além de belo, merece atenção por tocar em assunto ainda hoje delicado e promover um chamado a reflexão.


Serviço:
Meu Saba
Local: Teatro MorumbiShopping
Endereço: Av. Roque Petroni Junior, 1089

Até 11 de setembro

Letícia Sabatella em Carava Tonteria



Letícia Sabatella e Arrigo Barnabé no Theatro NET

Criador de Clara Crocodilo, Arrigo Barnabé é quase sempre lembrado por sua importância dentro do movimento que fez história como a Vanguarda Paulistana. Mas o músico também é conhecido por passear com desenvoltura por outras veredas culturais como o cinema e o teatro, entre outras.
Na busca por refletir as possibilidades das artes cênicas em diálogo com outras linguagens artísticas é que surge a Caravana Tonteria, quarteto dirigido por Barnabé e liderado pela atriz Letícia Sabatella com o ator e multi-instrumentista Fernando Alves Pinto (serrote, trompete, violão e voz) e os músicos Paulo Braga (piano) e Zéli Silva (contrabaixo).
Ambientado simbolicamente em um cabaré itinerante, o show de música, com estilos heterogêneos, dialoga com a cena, garantindo um caráter mais performático à apresentação. O nome é emprestado do tango Tonteria.
Trata-se de uma trupe meio Commedia dell'Arte, saltimbancos, coloridos, circenses, maltrapilhos, como eles mesmos se denominam. Uma banda de qualidade musical e intérpretes teatrais que tem na interpretação um recurso para a música assim como a música serve à interpretação.
No repertório, canções autorais – todas compostas por Letícia Sabatella – além de criações de grandes nomes da música universal como Chico Buarque, Colle Porter, Kurt Weill, Duke Ellington e Carlos Gardel.


Serviço:

Caravana Tonteria
Local: Theatro NET São Paulo
Endereço: Shopping Vila Olímpia, 5º andar - Rua Olimpíadas, 360.
Data: 15 de setembro, quinta-feira, às 21h

Capacidade: 799 lugares

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Bienal de São Paulo foca na incerteza



Bienal de São Paulo foca na incerteza

Em sua 32ª. edição, o evento, que será aberto ao público na quarta-feira, reúne mais de 80 artistas convidados de vários países e é marcado pela forte presença feminina.
Por César Alves

Tendo como tema Incerteza Viva, a Bienal de Artes de São Paulo será aberta oficialmente ao público nesta quarta-feira. Em sua 32ª. Edição, a mostra enfoca as noções de “incerteza” e “entropia” a fim de refletir sobre as condições atuais da vida e as possibilidades oferecidas pela arte contemporânea para abrigar e habitar incertezas.
Resultado da pesquisa iniciada em março de 2015, a lista final apresenta uma seleção de participantes oriundos de 33 países e é marcada pela forte presença feminina – são mulheres mais da metade dos artistas convidados –, artistas nascidos após 1970 e de projetos comissionados, produzidos para o contexto da exposição.
A curadoria é de Jochen Volz, mas conta também com a co-curadoria de Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars BangLarsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México), e acontece de 07 de setembro a 12 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo.
A exposição, inaugurada hoje em evento fechado para a imprensa, reúne mais de 80 convidados, entre artistas e coletivos, será tema do Cenário das Artes da edição impressa da revista Cenário que circula nas próximas semanas.


Serviço:
32ª. Bienal de São Paulo – Incerteza Viva
Local: PAVILHÃO DA BIENAL • PARQUE DO IBIRAPEURA, PORTÃO 3, SÃO PAULO – SP



Antonio e Bruno Fagundes juntos no espetáculo "Vermelho"



Fagundes Pai, Filho e Mark Rothko

Ao lado do filho Bruno, Antonio Fagundes interpreta Mark Rothko no espetáculo Vermelho, em cartaz no Tuca.
Por César Alves

Dirigido por Jorge Takla, Antonio Fagundes está de volta a São Paulo com a elogiada montagem de Vermelho. Interpretando o artista plástico Mark Rothko (1903-1970), um dos maiores nomes do expressionismo abstrato, o ator contracena ao lado de seu filho, Bruno Fagundes.
Já reconhecido como grande artista de sua época, mas passando por grandes dificuldades financeiras, no final da década de 1950, Rothko teria aceitado pintar uma série de quadros que decorariam as paredes do recém-inaugurado restaurante Four Seasons, em Nova York.
Avesso ao milionário negócio dos colecionadores e a crescente visão da arte como mercado, que na época atingia seu grau máximo, a encomenda, que daria origem à sua mais celebrada série de quadros, marca um dos momentos mais intensos da biografia do artista, já sofrendo da profunda depressão que o levaria ao suicídio anos depois.
Este foi o contexto escolhido pelo dramaturgo John Logan para ambientar seu texto. A ação se passa no estúdio de Rothko, durante a criação da obra e é marcada pelos embates internos de um artista conhecido por seu perfeccionismo e deslocamento em relação ao seu próprio meio e com o jovem pintor iniciante, interpretado por Bruno Fagundes, contratado para auxiliá-lo como ajudante.
A intensidade com que Antonio Fagundes interpreta Rothko e a desenvoltura com que pai e filho contracenam juntos, além do belo texto, fazem da montagem, no mínimo, imperdível.


(Vermelho – direção: Jorge Takla – em cartaz: TUCA – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes)