Pandora encaixotada
Fazendo referências a
personagens míticas femininas, A
Melancolia de Pandora traz Bete Coelho e Djin Sganzerla, num espetáculo
carregado de sombra e movimento.
Por César Alves
Citada por Hesiodo na Teogonia e em seu Os
Trabalhos e os Dias, Pandora teria sido a primeira mulher, criada por
Hefesto, o artesão dos deuses e também um deus, mestre do fogo e da metalurgia.
Dotada de graça, beleza e persuasão, Pandora
teria sido enviada ao titã Epimeteu, juntamente com um presente de casamento:
uma caixa contendo todas as benesses e também todos os males que afligem a
humanidade. O mito da Caixa de Pandora é bem conhecido e todos sabem que,
movida pela curiosidade, ela teria aberto a caixa, deixando escapar todo o seu
conteúdo, com exceção da esperança.
O mito é parte da inspiração para o espetáculo A Melancolia de Pandora, que reúne as
Companhias BR-116 e Lusco-Fusco (Brasil), e Theatre
de L’ Ange Fou (França e EUA).
Fazendo referências a diversas personagens
míticas e arquetípicas, personificadas na mente de uma mulher solitária, aqui
Pandora nos é apresentada como a prisioneira de sua própria caixa, perdida no
labirinto de uma vida imaginária.
Vigiada de perto por um Anjo e sob o tratamento
do doutor Ahriman, a personagem teria passado a maior parte de sua vida na
cama, com medo de deixar o confinamento de seu quarto, remoendo-se em
lembranças do tempo em que amou um jovem rapaz, perdido para sempre numa guerra
esquecida, o que para o médico é interpretado como um exílio voluntário na
terra de melancolia. A terapia do Doutor leva Pandora por uma jornada através
de paisagens de burocracia, guerra, cerimônias e retratos familiares,
despertando suas memórias.
Teatro do absurdo e do movimento, o texto
explora a poesia e está repleto de ironia, drama e humor.
Dirigido por Steven Wasson, também autor da
dramaturgia, em colaboração com Corine Soun, o espetáculo traz no elenco Bete
Coelho, Djin Sganzerla, André Guerreiro Lopes e Ricardo Bittencourt.
Serviço:
Peça: A Melancolia de
Pandora
Local: Sesc Belenzinho
– Teatro
Rua Pe. Adelino,
1.000, Quarta Parada
Tel. 2076-9700
De Quinta a Sábado, às
21h; Domingos, às 18h.
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