quinta-feira, 28 de julho de 2016

Exposição "A Valise Mexicana" - Caixa Cultural São Paulo



Caixa Cultural abre exposição reunindo fotos recuperadas de Robert Capa, Gerda Taro e David Chim

“A Valise Mexicana” contém imagens pouco conhecidas do período em que o fotógrafo cobriu a Guerra Civil Espanhola.
Por César Alves

Reflexo do verdadeiro barril de pólvora em que se encontrava a Europa no início do século passado, a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) viria a definir as principais características que marcariam os conflitos bélicos de então. Reunindo os principais elementos militares e ideológicos do período, o conflito durou quase quatro anos, deixou 400 mil mortos, arrasou a economia do país e instaurou uma ditadura fascista que perdurou por quase 40 anos.
Sua importância, no entanto, vai além do impacto geopolítico que deu origem à segunda grande guerra. Graças ao papel de três fotógrafos de origem judaica, imigrantes fugitivos da perseguição nazista, Robert Capa, sua esposa, Gerda Taro, e David “Chim” Seymor, a Guerra Civil Espanhola também redefiniria o fotojornalismo e a própria maneira de se fazer a cobertura jornalística de guerra.
Com o uso da câmera manual Leica 35 milímetros, Capa, Taro, e Chim, inauguram uma nova forma de se fazer cobertura de guerra. A maior mobilidade permitida pelo avanço das câmeras fotográficas, aliadas ao destemor exigido para documentar zonas de guerra, levaram Robert Capa a criar a famosa máxima: “se sua foto não está boa o suficiente, é porque você não chegou perto o suficiente”.
No aniversário de 80 anos da eclosão do conflito – quando o mundo parece novamente em convulsão –, os brasileiros terão a rara oportunidade de compreender do que estamos falando, através da exposição A Valise Mexicana: a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola de Capa, Taro e Chim, em cartaz na Caixa Cultural São Paulo.

As fotos da exposição registram sequências de batalhas, retratos de personalidades e pessoas comuns, e o devastador efeito da guerra na sociedade espanhola. Unidos pelo engajamento contra o fascismo, cada um dos três fotógrafos possuía um estilo diferente de cobertura.
Enquanto as fotos de Capa mostravam em geral uma ação mais crua, ligeiramente fora de foco e geralmente com o objeto principal fora do centro da fotografia, Chim tinha uma preocupação maior com a vida cotidiana dos afetados pela guerra (em 1948 ele seria o primeiro fotógrafo contratado pela Unicef para retratar as crianças européias no pós-guerra). Já Gerda Taro procurava mostrar as mulheres envolvidas no conflito e a vida dos soldados atrás do fronte.
Curiosamente, os três fotógrafos morreram em circunstâncias semelhantes, documentando cenários de guerra. Gerda Taro, em 1937, atropelada acidentalmente por um tanque quando cobria a batalha de Brunete, ainda durante a Guerra Civil Espanhola. Robert Capa faleceu em 1954, após pisar em uma mina, na Guerra da Indochina. “Chim” Seymour perderia a vida dois anos depois, em 1956, metralhado quando cobria a Guerra de Suez no Egito.
Robert Capa reuniu boa parte da cobertura realizada por ele, Taro e Chim em negativos guardados em uma valise que ficou desaparecida desde o final da guerra, em 1939. Ela poderia ter sido perdida em meio ao caos gerado pela chegada dos alemães em Paris em 1940, onde Capa mantinha seu estúdio. Os 4.500 negativos só foram encontrados na década de 1990, na Cidade do México, quando o cineasta Benjamin Tarver, sobrinho de diplomata mexicano, descobriu o material, e que entregaria apenas em 2007 ao International Center of Photography, instituto fundado por Cornell, irmão mais novo de Capa.






Serviço:

Exposição: A valise mexicana: a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola de Capa, Taro e Chim
CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111, próximo à estação do Metrô Sé)
Abertura ao público: 23 de julho (sábado), às 14h
Visitação: de 23 de julho a 2 de outubro de 2016, de terça-feira a domingo, das 9h às 19h
Informações: (11) 3321-4400.
Não recomendado para menores de 10 anos
Entrada gratuita


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